segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Caloura


            Fim de tarde. Rua vazia. Certo mistério contido nos muros verdes tomados por trepadeiras poderia facilmente atrair o olhar de qualquer transeunte; especialmente alguém mais curioso.
               Adentro por um dos portões, há muitas escadas que dão em outras escadas fazendo parecer não dar em lugar algum, mas nos levam à vários prédios; uns tradicionalistas, de construção requintada, com ar nobre e romântico e outros mais contemporâneos, práticos, em apenas duas cores; branca e azul; certamente por terem sido construídos em épocas diferentes. Há muito verde, encantadores canteiros de flores, árvores frondosas, pequenos arbustos. Fico imaginando como devem ser privilegiados os que podem, durante o dia, ver a luz do sol sendo refletida nas folhas dos pés de manga.
               Porém, numa noite escura como aquela que caia, seria fácil se perder entre os labirintos. O barulho do vento batendo nas árvores se parece com a voz de quem tenta ajudar, mas o som é incompreensível. Noto o chafariz que já havia avistado, estaria, eu, andando em círculos? Talvez as estátuas com suas atraentes silhuetas possam me indicar um caminho, mas não me parecem suficientemente confiável. Chego a um pátio com enormes pilastras medievais, e uma estátua de Cristo e um pouco mais abaixo encontro uma biblioteca, onde certamente haverá muitas pessoas tornando o lugar um pouco mais amistoso. Mas me engano. Encontro apenas estantes repletas de livros e, escadas, sempre muitas escadas e portas que levam sempre às mesmas salas. As estantes parecem se mover mudando os corredores de lugar. De repente um barulho, vem de passos no assoalho, mas estou parada, certamente não estou sozinha... Respiro com dificuldade, o coração bate forte, e...

- Ahhhhh!

- Opa! A moça, tá assustada?! – Diz um dos bibliotecários, devolvendo alguns livros à estante. Parece um rosto amigo, mas, por via das dúvidas, é melhor tentar achar logo a minha sala.





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