Fim de tarde. Rua vazia. Certo mistério
contido nos muros verdes tomados por trepadeiras poderia facilmente atrair o
olhar de qualquer transeunte; especialmente alguém mais curioso.
Adentro por um dos portões, há muitas escadas que dão em outras escadas fazendo
parecer não dar em lugar algum, mas nos levam à vários prédios; uns
tradicionalistas, de construção requintada, com ar nobre e romântico e outros
mais contemporâneos, práticos, em apenas duas cores; branca e azul; certamente
por terem sido construídos em épocas diferentes. Há muito verde, encantadores
canteiros de flores, árvores frondosas, pequenos arbustos. Fico imaginando como
devem ser privilegiados os que podem, durante o dia, ver a luz do sol sendo
refletida nas folhas dos pés de manga.
Porém, numa noite escura como aquela que caia, seria fácil se perder entre os
labirintos. O barulho do vento batendo nas árvores se parece com a voz de quem
tenta ajudar, mas o som é incompreensível. Noto o chafariz que já havia
avistado, estaria, eu, andando em círculos? Talvez as estátuas com suas
atraentes silhuetas possam me indicar um caminho, mas não me parecem
suficientemente confiável. Chego a um pátio com enormes pilastras medievais, e
uma estátua de Cristo e um pouco mais abaixo encontro uma biblioteca, onde
certamente haverá muitas pessoas tornando o lugar um pouco mais amistoso. Mas
me engano. Encontro apenas estantes repletas de livros e, escadas, sempre
muitas escadas e portas que levam sempre às mesmas salas. As estantes parecem
se mover mudando os corredores de lugar. De repente um barulho, vem de passos
no assoalho, mas estou parada, certamente não estou sozinha... Respiro com
dificuldade, o coração bate forte, e...
- Ahhhhh!
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